Por um tempo, os telespectadores estavam apaixonados pelo anti-herói. O vigilante. O cara fazendo coisas ruins por boas razões. Às vezes, os arcos desses personagens os ajudavam a se transformar em pessoas melhores (Punisher) e outros se esforçavam para se tornarem vilões (Walter White). O anime certamente tem sua parcela de anti-heróis, mas é justo dizer que a maioria dos protagonistas cai de um lado ou de outro, deixando as áreas cinzentas dos personagens coadjuvantes. Isso faz parte do que torna Ken Kaneki do Tokyo Ghoul tão único e exatamente por que estamos comemorando seu fascinante arco de histórias em homenagem a seu aniversário.
Desde o início, o primeiro episódio, sabemos que as coisas nunca podem funcionar a favor de Kaneki. Claro, ele sobreviveu a um acidente quase fatal, mas a um custo muito maior. Nos momentos finais, no segundo em que vemos Touka forçar Kaneki a encarar seu futuro, sabemos que tudo é ladeira abaixo para ele daqui. O que torna o declínio de Kaneki verdadeiramente de partir o coração é a inocência e as boas intenções que Kaneki tenta tanto manter ao longo do caminho. Vemos o quanto ele quer que os dois lados se unam e encontrem respeito mútuo. Seus esforços para não comer carne humana são admiráveis. Seu desejo de permanecer amigo de - mas ainda proteger - Hide é identificável. E egoísta. E possivelmente a chave para sua ruína.
Assim como sabíamos que a vida de Kaneki estava prestes a se desvendar seriamente desde o início, também sabemos que nada pode terminar bem para Hide no momento em que o conhecermos. Ele é leal, feliz, amigável, esperançoso. Todas as coisas que não se encaixam neste mundo distópico, segregado e desesperado em que ele vive. Kaneki e Hide são personificações perfeitas da citação do Cavaleiro das Trevas: "Você morre como um herói ou vive o suficiente para se tornar o vilão". A luz alegre de Hide foi apagada pelo mundo cruel ao seu redor, enquanto a mente de Kaneki estava repetidamente quebrada, enviando-o por seu caminho violento.
Apesar da dor óbvia reservada para esses personagens, Tokyo Ghoul nunca parece muito óbvio ou hacky. Sabemos que Kaneki vai ficar mal e sabemos que Hide será vítima da amizade que Kaneki se recusa teimosamente a desistir. Mas cada parte da história parece certa. É assim que sempre deveria acontecer.
Há algo que ressoa com esses temas. A desesperança, a perda, a divisão que não pode ser consertada. Agora, mais do que nunca, todos podemos pensar em um momento em que esses temas afetaram nossas vidas on-line ou até pessoais. Mas parte do que torna essa série tão maravilhosa é a atemporalidade. Podemos ser capazes de ver a relevância dos distúrbios apresentados em Tokyo Ghoul, mas os problemas que os ghouls e humanos enfrentam são problemas que atormentam a sociedade há séculos. Não apenas em um nível maciço e racial, mas em um nível pessoal. Todos nós temos negócios e pessoas cujas diferenças simplesmente não conseguimos conciliar.
Ken Kaneki mostra o que acontece quando tentamos agradar a todos. Kaneki aceita humanos e ghouls, com pouco ou nenhum julgamento, logo de cara. Mas ele rapidamente percebe seu erro. Não é que os ghouls sejam criaturas sedentas de sangue, ou que os humanos simplesmente não verão os outros como iguais. É que todo mundo é um monstro. Não é o fanatismo que come o coração de Kaneki, mas a empatia foi muito, muito longe, quando ele vê a dor infligida em ambos os lados e se encarrega de criar um caminho novo, amargo e cansado.
Sentimos por Ken Kaneki porque ele sente por todos. Queremos protegê-lo tanto quanto ele deseja proteger todos ao seu redor. Vê-lo voltar aos seus dias inocentes de leitura de livros saindo com Hide e se preocupando com encontros com garotas. E nós queremos vê-lo soldado. Sair do outro lado mais sábio, mais gentil e mais preparado para levar os dois lados a uma existência pacífica. Claro, desde o início, sabíamos que isso nunca iria acontecer.
Fonte: Chunchyroll,
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